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Como Nelson Mandela destruiu sem violência um regime que proibia o uso de banheiros a negros



Como Nelson Mandela destruiu sem violência um regime que proibia o uso de banheiros a negros


por Paulo Nogueira |



Mandela lutou para acabar com placas como essa
Mandela lutou para acabar com placas como essa
DAVOS, janeiro de 1999, Fórum Econômico Mundial. A platéia de políticos, empresários e executivos da elite do mundo aguarda com ansiedade adolescente, na belíssima cidade nevada nos Alpes suíços, que Nelson Mandela apareça no palco. É uma espécie de despedida: o mandato de Mandela como primeiro presidente eleito da África do Sul está terminando.  “Câmaras de emissoras de todas as partes estavam se ajustando; a platéia não se continha nas cadeiras na expectativa de saudar uma lenda vida; não havia lugar nenhum disponível”, lembraria, posteriormente, um dos organizadores do encontro naquele ano.
Mandela, já na iminência de apanhar o microfone, pede emprestado a ele, o organizador, o celular. O grande homem faz a ligação e o que é ouvido em seguida não estava, definitivamente, no roteiro de ninguém. Mandela estava falando com seus netos, na África do Sul, sobre a lição de casa. Mostrava satisfação diante de boas respostas da garotada, e para um neto que percebeu ter sido relapso falou, “com firmeza serena”, sobre a importância da educação. Combinou um encontro para dali a dois dias no qual o neto deveria apresentar seu plano para recuperar o atraso escolar. E então Madiba, como Mandela é chamado por seus conterrâneos, o nome que recebeu no clã negro do qual é oriundo, devolveu o celular. “Não sabia se estava diante de uma lenda, de um anjo ou de ambos”, recordaria o organizador.
Poucas coisas ilustram tão bem o caráter de Mandela como esta passagem em Davos. O mundo comemora, hoje, 20 anos de um dos acontecimentos capitais do século passado: a libertação de Mandela e, consequentemente, o fim do regime de segregação racial na África do Sul.  (Aqui, um boa combinação de fotos com som sobre sua trajetória.) Ativista da democracia multi-racial, carismático, líder que se elevou desde cedo entre os negros sul-africanos sem recorrer a outro argumento que não fosse a fé absoluta numa causa pela qual ele esteve desde sempre disposto a morrer se necessário,  Mandela ficou preso entre 1964 e 1990 sob acusação de traição ao regime do apartheid, a designação das vidas separadas para negros e brancos na África do Sul. Aos 91 anos, Mandela está quase inteiramente afastado da vida pública para poder refletir sobre a existência e conviver mais com a família. Aos que o procuram, costuma dizer: “Não me telefone, eu telefono para você”.
Como Mandela, um símbolo da revolução pacífica
Como Mandela, um símbolo da revolução pacífica
Mandela é o símbolo de muita coisa. Da coragem sem limite, da capacidade de lidar com as adversidades sem se vergar ao amargor ou à auto-piedade, da grandiosa simplicidade que consiste em tomar a lição dos netos como um bom avô deve fazer quaisquer que sejam as circunstâncias. “Quero viver para ver os tempos em que brancos e negros terão as mesmas oportunidades em meu país”, disse ele certa vez. “Mas estou preparado para morrer pela causa.”
Mas, e aí é um traço notável que o distingue de virtualmente todos os outros revolucionários e o aproxima do líder indiano Gandhi, não para matar. Tão logo saiu da prisão, depois de recebidas homenagens e feitos pronunciamentos numa longa jornada, Mandela quis saber de sua mulher, Winnie, ela também um símbolo da luta contra a discriminação, se era verdade o que ouvira. Winnie teria participado, ele soube, da morte de um garoto negro que fazia o papel de delator para a polícia branca. Era noite, o casal depois de toda a festa estava enfim reunido em sua casa, e Winnie empurrou a conversa para o dia seguinte.
Juntos no dia em que Mandela foi libertado, mas separados em 
seguida
Juntos no dia em que Mandela foi libertado, mas separados em seguida
A PRIMEIRA COISA que Mandela quis saber, quando se viram, era o que tinha acontecido de fato. Winnie tergiversou, lembrou a vida difícil que tivera ao se envolver com Mandela, buscou atenuantes na tortura e na perseguição de que foi vítima. Mas ela não limpou as mãos do sangue do pequeno delator, uma quase criança, antes o justificou, e o casamento terminou ali. Winnie seguiu seu caminho, Mandela o dele, rumo à presidência da África do Sul e à condição de um dos mais inspiradores exemplos de estadista de seu tempo, um homem que se tornou herói ao mesmo tempos de brancos e negros. Já na primeira entrevista que concedeu a uma emissora de televisão, em 1961, jovem, barbado, perseguido pela polícia, disse, com ênfase, ao entrevistador que queria saber se na África do Sul pela qual ele lutava haveria espaço para os europeus brancos. “Já disse várias vezes, há lugar para todo mundo.”  (Aqui, o vídeo.)
Mandela ainda encontrou ânimo para, aos 80 anos, casar mais uma vez. Enterrou um filho e, num país em que a Aids é um drama e ao mesmo tempo um estigma, fez questão de dizer que a causa da morte fora a Aids. Exortou seus compatriotas a falarem abertamente da doença para tirar seu caráter de tabu. Mandela batalhou pela Copa do Mundo na África do Sul e, recentemente, organizou um grupo internacional de líderes entrados em anos. Mesmo com uma vida tão intensa, Mandela, como o imperador-filósofo Marco Aurélio recomendava, jamais se refugiou numa agenda atribulada para fugir a deveres essenciais de um bom cidadão. Por exemplo, como avô, lembrar aos netos, a milhares de quilômetros, a importância da educação para o desenvolvimento do caráter. “Viva, Madiba”, gritava a multidão hoje na África do Sul para o homem frágil e sorridente que sem recorrer a baionetas ou a bombas enterrou, pelo poder das palavras, do exemplo e da persuasão, um regime em que negros não podiam usar o mesmo banheiro que os brancos.


 fonte:colunas.epoca.globo